Após alta em junho, as taxas de juros das operações de crédito a consumidores e empresas recuaram no mês passado para os níveis mais baixos da série histórica, iniciada em 1995. A taxa de juros média geral para pessoa física caiu 0,08 ponto porcentual em julho, para 6,12% ao mês, de acordo com pesquisa mensal divulgada ontem pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Para empresas, a taxa média geral teve queda de 0,06 ponto porcentual e ficou em 3,53% ao mês.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador da pesquisa, as reduções podem ser atribuídas à queda dos índices de inadimplência e aos cortes na taxa básica de juros (Selic), promovidos pelo Banco Central. A expectativa é de que as taxas de juros voltem a ser reduzidas nos próximos meses
"O pior momento já passou e a tendência da inadimplência agora é de queda. Além disso, está havendo uma maior competição no sistema financeiro, comandada pela redução nos juros dos bancos públicos", afirma.
Das seis linhas de crédito para pessoas físicas pesquisadas, só os juros do cartão de crédito rotativo não cederam. A taxa média ficou estabilizada em 10,69% ao mês, enquanto a dos demais produtos teve cortes.
"Tecnicamente, não há explicação para a resistência à queda das taxas do cartão de crédito", diz o vice-presidente da Anefac. O que existe, segundo ele, é um duopólio da Cielo e da Redecard, que dominam mais de 90% desse mercado. "Essas empresas são comandadas por dois ou três bancos, e a falta de competição faz com que as taxas não caiam."
Para as empresas, as três linhas de crédito pesquisadas (capital de giro, desconto de duplicatas e cheque especial) tiveram as taxas reduzidas em julho.