Há diferentes formas de se falar do líder contemporâneo. Em um cenário cada vez mais complexo do ponto de vista da economia, da cultura e da ética, as atenções naturalmente se voltam para a identificação de lideranças capazes de nos conduzir diante de um cenário de incertezas. Isso vale – e como vale – para o universo da Educação.
A escola, como uma orquestra ou time, precisa de uma liderança clara, sem dúvida. Mas essa não é uma questão simples, uma vez que precisamos saber de que tipo de liderança estamos falando.
No mundo atual, muito diferente do que em tempos passados, o líder não é necessariamente uma “mão de ferro”, que decide unilateralmente os rumos a serem tomados. A complexidade das decisões é tamanha que os especialistas em administração têm chamado a atenção para uma face até então pouco evidente do líder: a sua capacidade de servir. Sim, servir.
Cada vez mais, um bom líder é aquele que trabalha a serviço do seu time: é capaz de convencer sem autoritarismo, de fazer assomar o talento de seus liderados, de reunir perfis diferentes de pessoas em torno de um mesmo ideal e provocar um consenso produtivo e unificador. Ele está ali para que as pessoas consigam atingir o melhor de si, desempenhando suas funções da melhor maneira possível.
Nessa perspectiva, as relações humanas que se estabelecem entre líderes e subordinados tornam-se menos verticais e mais horizontais. Os méritos são de todos, bem como os insucessos (o que não significa dizer que as responsabilidades são sempre coletivas). Mas a palavra de ordem deixa de ser a “competição”, muitas vezes autofágica, para ser a “colaboração” – ou seja, o trabalho em equipe.
É preciso que se diga que esse conceito não é de fácil assimilação no ambiente escolar, até porque as práticas de gestão das instituições de ensino tendem a se arraigar no passado, sendo, em geral, conservadoras. A ideia de “serviço” é algo que tradicionalmente se volta para o empregado, não para quem está no topo da cadeia hierárquica.
É ao menos saudável começar a refletir sobre isso. Afinal, acima de tudo está o sucesso do empreendimento e da sua missão. A função das equipes – e do líder – não é obedecer a regras e ordens cegamente, mas, sobretudo, pensar no desenvolvimento global da organização. E, para isso, é preciso mais do que uma boa cabeça: mãos, braços, pernas, coração e mente devem andar juntos.