"Contou-me um colega que recebera um amigo alemão e foram passear de carro. Na viagem, ao se depararem com uma placa de sinalização de "Curva Perigosa", indagou o alemão: qual o significado desta placa?
- Na próxima curva, o motorista tem que tomar cuidado, pois ela é perigosa, respondeu-lhe.
- Mas como? Não entendo! A curva apresenta perigo aos motoristas que passam por esta estrada?
- Sim! É isto que ela está sinalizando.
- Decididamente, não entendo! A estrada não foi projetada e construída por engenheiros?
- Sim, por suposto que foi.
- Então, como podem tê-la feito com curva perigosa? No meu país, não se constroem curvas perigosas. Se alguém as fizer, será responsabilizado."
Nunca parei para pensar sobre essas placas na estrada, mas se refletirmos, muitas delas nos alertam sobre os perigos de uma curva ou sobre os altos índices de acidentes que ocorrem em determinados trechos. É interessante notar que na mesma proporção que nos informam, continuam construindo locais pouco seguros. Realmente parece incoerente.
Se trouxermos esse tema para o mundo corporativo, podemos verificar situações em que o discurso e a prática batem de frente:
- Um gerente diz que utiliza a gestão "portas abertas", mas ele nunca tem tempo e nem vontade de falar com os seus subordinados.
- A empresa prega a importância do trabalho em equipe para o atingimento dos resultados, mas estimula a competição entre as pessoas ao comparar as metas individuais.
- O seu colega é o primeiro a levantar a bandeira que odeia fofocas e intrigas no ambiente corporativo, mas encabeça a maioria das "conversinhas" de corredor.
- Outro colega reclama diariamente que está sobrecarregado, mas é extremamente controlador e não consegue aceitar ajuda de ninguém.
- Um supervisor exige respeito em seu setor, mas ele mesmo trata as pessoas de forma grosseira e arrogante.
Pense bem: quantos discursos diferentes da prática vivenciamos diariamente no trabalho e na vida pessoal? Vamos fazer uma reflexão sobre as nossas próprias atitudes: será que somos coerentes?
Veja alguns exemplos:
- Orientamos o nosso filho a perdoar um amiguinho no colégio por ter brigado com ele, mas temos dificuldades de perdoar os nossos colegas?
- Tratamos com respeito nossos amigos e familiares, mas desprezamos todas as outras pessoas do nosso convívio diário: a empregada, o porteiro, o atendente, o motorista do ônibus e assim por diante?
- Dizemos a um amigo que ele precisa vencer os obstáculos, mas nós mesmos não acreditamos que podemos vencer os nossos?
- Temos um discurso ético para determinados assuntos, mas permitimos alguns "jeitinhos" em outros?
Lembre-se: são as ações que geram as relações de confiança e não o discurso. Desta forma, vamos treinar para sermos pessoas mais educadas, íntegras, comprometidas, parceiras, servindo de exemplo para nossos filhos, nossa família e todos à nossa volta.