As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) caíram ontem depois de uma sessão com movimento cerca de 30% inferior à média diária deste mês, e que ganhou fôlego apenas nos minutos finais depois que o governo anunciou a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para o setor automobilístico até o fim de dezembro.
Entre os contratos mais negociados, os que vencem em janeiro de 2014 (DI janeiro/2014) caíram para 7,36%, de 7,39% na véspera. O DI janeiro/2017 cedeu para 8,56%, de 8,62%.
Para a Tendências, a prorrogação do corte no IPI vai aliviar a inflação deste ano em 0,2 ponto percentual. O economista Thiago Curado diz que se o desconto fosse encerrado, os reflexos sobre os preços se estenderiam até 2013, aumentando a inflação em 0,2 ponto percentual neste ano e 0,1 ponto percentual em 2013.
Antes do anúncio da prorrogação do IPI reduzido, a cautela dominava a sessão porque o evento mais relevante do dia - a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) - teve conclusão apenas perto do fim das operações.
Antes mesmo desses dois eventos, os profissionais de mercado ainda reagiam às declarações de autoridades do governo sobre política de juros. "Avaliamos que as declarações recentes do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reforçam o nosso cenário de maior estabilidade de Selic em relação à mediana esperada pelo mercado, que ainda é de alta do juro no final de 2013. Por isso, juro médio e longo ainda com viés dominante de queda ao longo do tempo, com aversão no exterior", afirmou o economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho.
Em discurso em São Paulo na terça, o presidente do BC reafirmou as premissas que levaram à redução da Selic de 7,50% para 7,25% no último encontro do Copom: inflação convergindo para o centro da meta de forma não linear, atividade econômica doméstica em recuperação e crença nos benefícios de uma taxa básica de juros estável por um longo período.
O dólar fechou em leve queda, em linha com a baixa registrada ante moedas de países exportadores no exterior, na esteira de dados positivos da indústria na China. A crescente expectativa de que o BC deverá rolar o restante dos contratos de swap cambial reverso que vencem no fim do mês também ajudou a evitar queda mais forte do dólar.
O BC ainda tem cerca de US$ 1,3 bilhão em swaps reversos para vencer em 1º de novembro, após rolar, na terça-feira, US$ 1,648 bilhão em contratos com mesmo vencimento.
"Acho que o BC vai rolar o restante, sim. E isso deve ser bem aceito pelo mercado, ainda mais que o momento é favorável à entrada de fluxo", disse Luiz Otávio de Souza Leal, economista chefe do Banco ABC. "A dúvida é se o BC vai colocar algo liquidamente."
Apenas na semana passada, a entrada líquida de recursos no país foi de US$ 3 bilhões. Segundo operadores, a tendência de curto e médio prazos é de fluxo positivo, colocando pressão de baixa sobre a moeda americana.