Além de afastar ou atrair consumidores e fornecedores, a reputação de uma empresa tem o poder de atrair três vezes mais profissionais do que uma companhia mal falada. Os dados são de uma pesquisa inédita do Reputation Institute e mostram que 47% dos entrevistados têm predisposição em trabalhar para as organizações com a melhor avaliação. São pessoas que participariam de processos de seleção antes mesmo de saber detalhes da remuneração ou outras condições da vaga proposta. Na outra ponta, apenas 16% dos entrevistados afirmaram que teriam disposição para trabalhar em companhias mal avaliadas pela sociedade.
Segundo a pesquisa, isso é percebido pelos gestores de grandes companhias. Mais da metade deles diz acreditar que a reputação - boa ou ruim - tem um impacto bastante forte nos negócios. E 37% afirmam que uma avaliação positiva chega a reduzir os custos de contratação e de retenção de novos funcionários. De acordo com o instituto, a identificação da pessoa com a empresa, seus valores e imagem é extremamente importante nos momentos de crise. Manter os funcionários comprometidos e com bom desempenho durante o expediente durante momentos difíceis, afinal, é uma tarefa mais árdua quando eles entendem que a companhia não merece algum sacrifício.
Todas essas conclusões foram baseadas em entrevistas com 11.151 pessoas. Cada uma respondeu a um questionário sobre um máximo de quatro empresas com as quais detinha um nível mínimo de familiaridade. Juntos, opinaram sobre 176 empresas presentes no país. No fim, cada uma dessas companhias contou com pelo menos 280 avaliações.
Para Ana Luisa de Castro Almeida, diretora executiva do Reputation Institute no Brasil, os resultados mostram nitidamente que muitos profissionais não querem ligar o seu nome a uma organização que ele não admira ou não percebe um reconhecimento da sociedade. "O trabalho é parte fundamental da constituição da identidade do homem. Desse modo, os profissionais diferenciados buscam organizações que admiram, respeitam e confiam", diz o relatório da pesquisa.
No Brasil, o setor melhor avaliado é o de cosméticos, com 68,2 pontos em uma escala até 100. A empresa com a nota mais alta nessa indústria é a Johnson & Johnson. Em segundo lugar, aparece o setor de tecnologia e indústria digital, com nota 67,9, e o Google, como a melhor referência. E em terceiro lugar está a indústria de siderurgia e metalurgia, com nota 65,3, e a Gerdau como o destaque. A companhia com a maior pontuação (80) foi a Nestlé(Veja mais dados no infográfico nesta página).
Segundo o Reputation Institute, a diferença entre a nota do setor e a da empresa é um fator importante. A diretora Ana Luisa diz que as companhias com a maior diferença positiva são consideradas referência em gestão da reputação em seus setores. A maior disparidade nesse sentido foi registrada no setor de bebidas e fumo. "Em função da associação direta com questões relacionadas ao vício e drogas, era esperada uma avaliação baixa do setor", diz o relatório.
No estudo, as empresas foram avaliadas em sete dimensões: governança, cidadania, liderança, desempenho financeiro, inovação, ambiente de trabalho e produtos e serviços. Essa última é a dimensão de maior peso na avaliação da reputação corporativa. Junto com inovação, representa 30% do grau de estima, admiração, empatia e confiança das pessoas por uma empresa. As características gerenciais, presentes nas dimensões liderança e desempenho financeiro, influenciam 25% do resultado. Os fatores institucionais como cidadania, governança e ambiente de trabalho, por sua vez, pesam mais de 40% na nota final.