Tema tão discutido ao longo dos últimos anos, o consumo de energia elétrica não é uma questão que deva ser analisada apenas por governos e consumidores residenciais. Fazer com que os gastos diminuam também precisa ser meta presente no universo das empresas, que, em muitos casos, ainda não se atentaram a isso e continuam a desperdiçar tempo e dinheiro com uma má gestão desse recurso.
Muitas das grandes companhias possuem um setor específico destinado à questão e, por conta disso, conseguem administrar melhor o seu portfólio de compra de energia elétrica, adequando-o à sua real necessidade de consumo. Porém, o mesmo não ocorre com as pequenas e médias empresas, que comumente ficam à deriva, sem saber o momento e o preço mais adequados para adquirirem energia. Mas como não comprometer o crescimento dos negócios, sofrer menos com os impactos de medidas governamentais, e evitar cair na conversa de previsões e leituras equivocadas?
Para evitar riscos que possam comprometer os resultados almejados, toda e qualquer empresa deve possuir um planejamento de gestão de energia, do mesmo modo que faz com gestão financeira, de investimento, de RH, de TI entre outros recursos fundamentais para a existência do negócio. Para isso, é fundamental que o empresário saiba qual seu atual cenário de consumo e contratação de energia, por meio de uma análise detalhada que deixe claro os erros identificados e as oportunidades de melhoria, para que então busque entender quais são as mudanças viáveis que podem ser postas em prática.
Outro fator fundamental, e ainda uma dificuldade para muitas companhias, é a contratação de energia elétrica para atender a sua previsão de consumo. Em outras palavras, a análise minuciosa do cenário energético e o acompanhamento sistemático dos preços futuros de energia elétrica são fundamentais para que as melhores oportunidades sejam aproveitadas no momento certo e os custos sejam reduzidos. Uma empresa, por exemplo, que tem um gasto mensal de aproximadamente R$ 100 mil, com um planejamento correto e uma gestão de energia eficiente pode chegar a economizar algo em torno de R$ 20 mil mensais, dependendo da sua localização e condições de contratação atuais.
Claro que adotar uma gestão de energia não é algo simples, que se faça do dia para a noite. O fato é que a maioria das empresas ainda não possui colaboradores especializados no assunto, e muitas vezes, manter um departamento com profissionais para tratar diretamente desse item seja inviável ao negócio. A boa notícia é que o mercado conta com profissionais dedicados especificamente a esse tipo de gestão e análise. Portanto, fica por conta do gestor do negócio fazer a escolha desse prestador de serviço com base na experiência de mercado, reputação e resultados atingidos.
Afinal, gestão energética já faz parte da realidade das grandes empresas. Agora, é preciso constar na agenda dos pequenos e médios empreendedores, como fator a ser gerenciado para evitar os prejuízos, maximizar os resultados e colaborar com o sucesso do negócio.
Mikio Kawai Jr. é economista pela FEA-USP (1995), mestre em economia pela Unicamp (1999 - dissertação sobre gestão de riscos) e Advanced Executive Management pela IESE Business School (Espanha 2011). Iniciou a carreira no mercado financeiro em bancos de investimentos, tanto nacional como estrangeiro, migrou para o mercado de energia na sua gênese, em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia até 2004, e atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil, gerente de operações na Openlink (Nova York e São Paulo). Desde 2008, ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira, companhia que atua na comercialização de energia, além de consultoria e prestação de serviços em representação de entidades no âmbito da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).