Pensar rico não paga!”. A frase, dita em tom bem humorado, é de Luiza Trajano, que abriu o evento contando sua história de vida e a trajetória frente ao Magazine. A simples e simpática Luiza convocou as presentes a “pararem de falar mal do Brasil” para protagonizarem uma era de gestão feminina nos negócios, onde intuição, soma de QIs, descentralização de poder e a espiritualidade são os grandes trunfos. Também lembrou da importância da inovação e de focar no atendimento ao cliente para ter sucesso. “O cliente paga até a mensalidade da ACSP! Então, não dê desculpa, resolva. É mais barato atender bem”, deu a dica a empresária.
Depois, em uma espécie de talk-show descontraído apresentado pela jornalista Silvia Poppovic, Luiza trocou experiências com suas “amigas” Sonia Hess, da Dudalina, e Chieko Aoki da rede Blue Tree. Sonia disse que compartilhar e ouvir, além de cuidar das pessoas na empresa, são alguns segredos do sucesso. “Mas no varejo, é um só: encantar o cliente”, disse, aproveitando a deixa, entre risos, para oferecer 20% de desconto às participantes do Congresso nas lojas da marca. Já Chieko, contou que as diferenças entre homens e mulheres no Japão, que parecem discriminatórias, servem para preparar as mulheres para “qualquer coisa” – como ter que se dividir entre os cuidados com o marido doente e a gestão da rede de hotéis. “Por trás da imagem, a mulher tem que ter força. Por isso, a importância de ouvir mais do que conversar, treinar humildade e aprofundar os motivos de cada um para o negócio dar certo.”
PENSE SIMPLES
Outro destaque do evento foi a apresentação “Pense Simples: como facilitar os negócios; excesso de tributos e burocracia; Micro e Pequena Empresa”, do ministro Guilherme Afif Domingos. Além de contar sua luta em prol das MPEs, iniciada nos anos 1970, Afif apresentou o mais recente placar de Microempreendedores Individuais (MEIs), de 4,248 milhões de formalizados (“e 48% são mulheres”, comemorou), e os benefícios da nova LC 147/14, que entre outras medidas, universaliza o Simples e foi aprovada por unanimidade no Congresso e no Senado em 16 de julho.
E trouxe novidades: Afif contou que até o fim de setembro o Distrito Federal será a primeira unidade da federação a realizar o processo de encerramento de empresas na hora. Até 20 de novembro, será nos estados. "Há uma estimativa de que existam milhões de CNPJs inativos, insepultos. E o próximo passo é fazer esse 'enterro coletivo'", garantiu.
FRANQUIAS NA FRENTE
Um setor que representa 2,4% do PIB, faturou R$ 11,5 bilhões em 2013, têm crescido na faixa de 10% ao ano e gera mais de 1 milhão de empregos. E o principal: tem 44% de mulheres à frente dos negócios. Foi dentro desse universo que Cristina Franco, primeira mulher presidindo a Associação Brasileira de Franchising (ABF) ressaltou os diferenciais de uma gestão tipicamente feminina. Segundo ela, o poder de consumo (das mulheres) aumentou de R$ 1,5 trilhão para R$ 2,6 trilhões nos últimos cinco anos, e segundo o Data Popular, elas decidem 89% das compras da família, 79% das viagens, 71% as roupas do marido e 58% qual será o carro da família. Mas apenas 8% são chefes de estado, 9% das parlamentares do Congresso e 3% das CEOs. "Elas têm que participar mais, e é natural que a equidade de gêneros aconteça, para que cada vez mais mulheres ocupem posições de liderança e entendam que 'sim, nós podemos'", frisou.
ESTRATÉGIAS DIFERENCIADAS
No painel Responsabilidade Social, dois ícones. Um deles, a atriz Nicette Bruno que, junto com o marido, o ator Paulo Goulart (falecido em março último), foi criadora do projeto Teatro nas Universidades, realizado desde 2004 com apoio da ACSP e do então presidente da casa Guilherme Afif Domingos. Outro, Marísia Donatelli, secretária-geral e integrante da entidade filantrópica ACM/YMCA SP "desde sempre". Conhecida por sua luta pelo empreendedorismo teatral há mais de 60 anos, Nicette afirmou que nada mais justo do que reverter impostos para o avanço da cultura. "O empresário é cúmplice e parceiro da cultura do País, mas falta conscientização. Não basta só render lucros ou gerar divulgação e marketing; é preciso repensar essa parceria para realizar um trabalho social e de administração cultural em todo o País", afirmou.
Já Marísia, que apresentou o vídeo do projeto "Leão Amigo" da Facesp/ACSP (que incentiva empresários a escolherem uma instituição social para destinar parte do IR a seus projetos pelo Fumcad) , disse que as empresas têm que ter preocupações de formar uma cultura de cidadania, baseada em expertise, trabalho voluntário, mas profissional, e gestão compartilhada, com receitas financeiras, materiais e intelectuais. "Sabemos hoje em dia o número extraordinário de mulheres que fazem a diferença entrando no mundo corporativo. Por isso, nossa estratégia é conectar organizações para promover o desenvolvimento da sociedade".
O 1º Congresso da Mulher Empresária também teve o painel "Conselho da Mulher Empreendedora - Inovação e Desenvolvimento", onde mulheres como Rosângela de Andrade Pelizzaro, presidente do CME Franca, Regina Yabu Pavanello, presidente do CME Guarulhos e vice-presidente da AC da cidade, e Tânia Fukusen Varejão, primeira mulher a se tornar presidente da AC de Mogi das Cruzes, contaram suas ações na linha de frente dos conselhos e das associações no estado – como o app "Guia Compre em Mogi", para facilitar a vida dos comerciantes e "colocar a AC na mão de todos", segundo Tânia. Regina deu até um recado incisivo às participantes: "Mulher que não tem tempo de participar de conselhos não tem tempo de ganhar dinheiro. O negócio é fazer parcerias".
MOTIVAÇÃO
Por último, mulheres pioneiras em suas áreas de atuação – caso da Dra.Ivette Senise Ferreira, atual vice-presidente da OAB-SP e a primeira professora mulher da Faculdade de Direito da USP; da Dra.Rosmary Corrêa, a terceira delegada a assumir o cargo no estado de São Paulo e hoje presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina, além da pedagoga Liliana Belfort Sandim, a primeira empresária do ramo de segurança patrimonial do País e vice-presidente executiva do Grupo Belfort. "Negócio não pode ser aventura: tem que ter motivação, objetivo e capacitação para dar certo", disse a Dra. Ivette. "A mulher vive um momento ímpar, mas também um dilema, entre se dedicar ao trabalho ou à família. Por isso é preciso se capacitar e se desenvolver, já que a independência começa na parte financeira", avisa a delegada Rosmary. "O mais importante é incentivar o empreendedorismo dentro de cada uma de nós", disse Liliana.