A contabilidade internacional busca padronizar as práticas contábeis em diferentes países, promovendo a transparência e a comparabilidade de informações financeiras. No Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem trabalhado para harmonizar as normas contábeis aplicáveis às operadoras de planos de saúde com as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) , a fim de melhorar a transparência e a governança no setor.
A Resolução Normativa 435 (RN 435), publicada em 2018 pela ANS, é uma das medidas que visam aproximar as práticas contábeis brasileiras das normas internacionais. A RN 435 estabelece diretrizes específicas para o reconhecimento e a divulgação de informações financeiras no setor de saúde suplementar. Como destacou Lima (2019), “a implementação da RN 435 é essencial para alinhar o setor de saúde suplementar aos padrões internacionais de contabilidade, promovendo maior clareza nas demonstrações financeiras”.
A convergência às normas internacionais de contabilidade é um movimento global. O Brasil, por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), tem adotado progressivamente as normas IFRS desde 2007. Segundo Silva e Costa (2020), “a adoção das IFRS é fundamental para que o Brasil se integre ao mercado financeiro global, facilitando o entendimento e a comparabilidade das demonstrações financeiras brasileiras com as de outros países”.
No contexto da saúde suplementar, a convergência às IFRS visa promover a qualidade e a confiabilidade das informações financeiras, essenciais para investidores, reguladores e demais stakeholders. A RN 435 é, portanto, um passo importante na direção de uma maior uniformidade e transparência no setor.
A RN 435 traz diversas mudanças, incluindo a exigência de que as operadoras de planos de saúde sigam critérios específicos de contabilização, especialmente em relação ao reconhecimento de receitas e despesas. Como explica a ANS (2018), “a resolução estabelece uma estrutura de contabilização que permite maior transparência e consistência das informações financeiras no setor de saúde suplementar”.
Entre as diretrizes estabelecidas pela RN 435, destacam-se:
Segundo Gomes (2021), “a RN 435 exige que as operadoras apresentem um nível mais detalhado de informações, permitindo uma visão mais clara da sua situação financeira e dos riscos associados”.
A adoção da RN 435 trouxe desafios e benefícios para o setor. Um dos principais desafios está na adequação das operadoras às novas exigências, o que pode demandar investimentos em sistemas contábeis e treinamento de equipes. No entanto, os benefícios potenciais incluem um aumento na confiança do mercado e maior atratividade para investidores.
Estudos mostram que a implementação de normas IFRS em outros setores resultou em uma melhora significativa na transparência e governança. Como argumenta Nascimento (2018), “a convergência para as IFRS aumenta a competitividade das empresas brasileiras, ao torná-las mais transparentes e comparáveis internacionalmente”.